Dia Mundial da Consciência Planetária
Manoel José Pereira Simão é Psicólogo (contato null@null inic NULL.com NULL.br), do site inic.com.br (http://www NULL.inic NULL.com NULL.br/artigo-pt NULL.asp?id=11), tem mestrado em neurociências e comportamento pelo NEC- USP, pós-graduação em psicologia e Saúde pela UNIMARCO, especialização em psicoterapia transpessoal , TRVPeres e terapia cognitiva-comportamental.
O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA INDIVIDUALCOLETIVA PARA A SOBREVIVÊNCIA DA HUMANIDADE
O autor propõe a reflexão do tema a partir do pensamento de Ervin Laszlo sugerindo que o mundo passa atualmente por uma macrotransição. Macrotransição é uma mudança profunda, abrangente e irreversível que ocorre em todos níveis e sistemas. Para enfrentar esse maciço progresso tecnológico, não precisamos ter como foco principal os programas públicos ou corporativos nem os grandes esquemas económicos ou políticos. O fundamental é nos concentrarmos no fator critico de uma macrotransição: A Consciência Humana. Precisamos de uma mudança fundamental de valores - para assegurar que não deixemos passar esta oportunidade de salvar nosso planeta e a nós mesmos. Precisamos de uma nova maneira de pensar e de estarmos conscientes. O autor propõe a discussão dos dez princípios da ética planetária integrando os conceitos da transcisciplinaridade e da Transpessoal com a alfabetização ecológica de F. Capra.
"No passado, os povos e sociedades podiam levar várias gerações para criar a cultura que engrenasse com as mudanças que haviam produzido no modo e nas condições de vida; hoje, é durante nossos anos de vida que precisamos criar a cultura de que precisamos para sobreviver e prosperar no mundo em que estamos nos precipitando."
Como criar esta mudança é o que veremos nos trabalhos do Húngaro Ervin Laszlo[1], Fundador e Presidente do Club of Budapest.
A tese defendida por Laszlo (2003) é que o mundo passa atualmente por uma macrotransição. Macrotransição é uma mudança profunda, abrangente e irreversível que ocorre em todos níveis e sistemas. Neste nosso mundo em rápida mutação , novas eras tecnológicas surgem com frequência cada vez maior. Para enfrentar esse maciço progresso tecnológico, diz Ervin Laszlo [1], não precisamos ter como foco principal os programas públicos ou corporativos nem os grandes esquemas económicos ou políticos. O fundamental é nos concentrarmos no fator critico de uma macrotransição: A Consciência Humana.
Nesta primeira e crucial década do século 21, temos a extraordinária oportunidade de construir um mundo melhor. Podemos criar o futuro do nosso planeta. Podemos decidir nosso destino coletivo. Nossa evolução está em nossas mãos.
A queda do muro de Berlim e a tempestade política que varreu o mundo há pouco mais de uma década foram acima de tudo, testemunho do poder do espirito humano para confrontar adversidades. A Guerra Fria representava uma ameaça à segurança, liberdade e ao desenvolvimento de todo o planeta, criando uma barreira quase que intransponível entre os povos. Todavia, a combinação certa de visão humana e liderança corajosa, levou este período negro da nossa historia a um fim pacifico. Hoje, temos à frente outra ameaça, já responsável pelo grande sofrimento de milhões de pessoas: a degradação do meio ambiente. Para enfrentar este desafio global precisaremos novamente de uma visão clara comum, determinação e liderança decisiva.
O impacto e as previsões do aquecimento global estão piorando: a desertificação avança; o desmatamento e a poluição estão pondo nossos ecossistemas em perigo; e mais de 1,2 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável.
Vimos desastres ambientais com destruição incalculável de vidas humanas e da natureza: a curto prazo, nos últimos meses, ocorreram enchentes devastadoras em grande parte da Europa e sul da Ásia e destruição de petroleiros ao largos dos tesouros naturais das Ilhas Galápagos e dos recifes de barreira da Austrália; a longo prazo. Imensas áreas da Terra foram irremediavelmente marcadas pela perda de florestas antigas, manejo inepto de bacias hidrográficas e contaminação.
Muitos especialistas ambientais alertam que essas tendências já estão avançadas demais para que possamos alcançar a sustentabilidade real através de mudanças graduais; acreditam que dispomos de 30 a 40 anos parar agir. O tempo é curto e já estamos ficando parar trás.
Embora haja um número cada vez maior de iniciativas ousadas por parte de governos e líderes corporativos para a proteção do meio ambiente, não percebemos o surgimento de lideranças e disposições capazes de assumir riscos na escala que precisamos para enfrentar a situação presente. Embora existam inúmeras pessoas e organizações dedicadas a promover maior conscientização e provocar mudanças na forma que tratamos a natureza, ainda não vimos a visão clara e a frente unida que inspirarão a humanidade a reagir a tempo para corrigir nosso rumo.
Em Haia e Davos, vimos a formação de divisões Norte contra Sul e adeptos contra Globalização.
A situação é extremamente grave. É Crucial que achemos uma forma de realizar mudanças rápidas e abrangentes na consciência e ação humanas em todo o mundo - algo que nos permita provocar uma mudança de curso em grande escala em pouco tempo. Isto não será alcançado se permanecermos divididos.
O fim da Guerra Fria proporciona um exemplo de mudança movida por pessoas que alteraram positivamente o curso da história. Precisamos de uma mudança semelhante - uma mudança fundamental de valores - para assegurar que não deixemos passar esta oportunidade salvar nosso planeta e a nós mesmos.
Precisamos de uma nova maneira de pensar e de estarmos conscientes, uma nova ordem mundial que seja baseada mais em justiça e igualdade e menos em lucro. Pensávamos que a queda do muro de Berlim introduziria essas mudanças mas, ao invés, um mundo mais complicado evoluiu e, o que é mais preocupante, vemos até sinais de ressurgimento da militarização.
O que pode ser feito? Que tipo de liderança precisamos?
Mikhail Gorbachev ex-presidente da União Soviética refere cinco pontos são vitais nesse sentido:
- O Sistemas das Nações Unidas deverá ser reformulado, afim de dar maior poder para a ação e imposição das decisões em prol da paz e estabilidade;
- Acordos, Convenções e Protocolos Internacionais Importantes para o desarmamento, mudança climática, biodiversidade, desertificação e cursos d‘água internacionais devem ser ratificados sem delongas e implementados com coragem e determinação;
- Objetivos ambientais deverão ser integrados desde o inicio ao planejamento desenvolvimentista e a qualquer tipo de atividade económica;
- Lideres Políticos - e empresariais - deverão reconhecer suas responsabilidades e agir para transformar a retórica em ação e alcançar sustentabilidade ambiental;
- O declínio do desenvolvimento internacional devera ser revertido, permitindo que as nações em desenvolvimento reduzam suas dividas acachapantes, atendam suas necessidades humanas básicas e acessem tecnologias afim de utilizar materiais e energias, eficientementes, com o mínimo de água.
Se nada for feito para atingir a sustentabilidade na primeira parte deste novo século, diminuirá a perspectiva para a sobrevivência da humanidade. Mas, "se pensasse que não havia esperança, não teria me juntado a vocês do movimento ambiental como Presidente da Green Cross International" (Gorbachev)
A natureza está nos dando todos os sinais que necessitamos para desenvolver uma visão comum do futuro: precisamos perceber esta mensagem e agir agora.
Vossa Santidade, o Dalai Lama, o ex-presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, o compositor Peter Gabriel, Sir Arthur Clarke e Jane Goodall, a cientista que viveu junto com os gorilas na África, estiveram juntos, no dia 20 de março, para celebrar o Dia Mundial da Consciência Planetária. O lançamento oficial do evento foi em Budapeste, na Hungria, mas 29 países participaram da festa, que é uma iniciativa conjunta de várias organizações internacionais e faz parte das comemorações do Festival da Visão Planetária 2001 - o PVF2001 - como ficou conhecido, lançado no primeiro dia deste terceiro milênio com grandes caminhadas em muitos países do mundo.
Ao redor do mundo, a comemoração do dia 20 acompanhou a trajetória do sol, começando ao raiar do dia na Nova Zelândia. Um por um, 29 países na Ásia, na Europa e na América, deram início às festividades, até que, quando o sol nasceu em Samoa, na Oceânia, todos foram parte da grande corrente
UM PLANETA, UM POVO, UM FUTURO
A idéia dessas celebrações é provocar discussões globais sobre temas como ética e cidadania e conscientizar os habitantes do nosso pequeno planeta da importância de um esforço conjunto para construir um futuro melhor para todos. "Se agirmos com responsabilidade e compaixão, podemos mudar a maneira como nós nos relacionamos uns com os outros e com o planeta. Esta iniciativa de chamar atenção para o fato de que a humanidade é uma só e para a necessidade de desenvolvermos uma consciência planetária é admirável", aponta Arthur Clarke.
O Dia Mundial da Consciência Planetária, assim como todas as ações do PVF2001, são iniciativas do Clube de Budapeste. Entre seus membros ilustres, o Clube conta com líderes nas mais diversas áreas do saber humano, como o Dalai Lama, o bispo Desmond Tutu, a historiadora e feminista Riane Eisler, o filósofo Edgar Morin e o coreógrafo Maurice Béjart. Para a realização do PVF2001, o Clube buscou a parceria de outras organizações internacionais, como a Associazione Culturalle dei Triangole e della Buona Volontà Mondiale e a Pathways to Peace.
Em cada país, a celebração da Consciência Planetária incluiu um painel das tradições culturais de cada povo, o que significou muita música e danças, além de palestras e debates sobre questões como consciência e educação, ciência e espiritualidade [2]. Ao longo do dia, as pessoas foram incentivadas a refletir sobre seus próprios valores, seus conceitos de certo e errado, suas visões sobre a vida e sobre suas comunidades e, ainda mais, sobre todas as comunidades humanas de modo geral, ricas e pobres, modernas ou tradicionais.
"O mundo seria um lugar dramaticamente diferente se a humanidade reconhecesse que todos pertencemos à mesma família", disse o bispo Desmond Tutu. Depois do Dia Internacional da Consciência Planetária, talvez nós estejamos mais perto desse ideal.
Os dez princípios da ética planetária
(Diretrizes do Clube de Budapeste para pensar globalmente e moralmente na aurora do século XXI, baseadas em valores que representam o interesse esclarecido de todos os seres humanos, culturas, sociedades e vida na bíosfera.)
Viva com respeito pelos outros e pela Natureza
- Viva de uma maneira que satisfaça suas necessidades básicas sem tirar dos outros a oportunidade de satisfazerem as necessidades deles.
- Viva de uma maneira que respeite o direito inalienável de todas as pessoas à vida e ao desenvolvimento, onde quer que elas vivam e quaisquer que sejam suas origens étnicas, sexo, nacionalidade, posição social e sistema de crenças.
- Viva de uma maneira que respeite o direito intrínseco à vida, e a um ambiente que dê apoio à vida, de todas as coisas que vivem e crescem na Terra.
- Busque a felicidade, a liberdade e a realização pessoal em harmonia com a integridade da Natureza e levando em conta as buscas similares de seus semelhantes na sociedade.
Aja para criar um mundo melhor
- Exija de seu governo que se relacione com os outros povos e países pacificamente e num espírito de cooperação, reconhecido as aspirações legítimas de todos os membros da comunidade internacional por uma vida melhor